justiça universal

desperto, eu preciso das duas mãos, não fundamentalmente, no sentido de que como não tenho nenhuma função, nem objetivo, nem motivação, pra que mãos? mas ainda assim, eu observo elas, fico imaginando na dor que mãos me causaram, fico pensando na dor que olhares causaram, palavras, momentos, tudo muito sútil, subjetivo é a palavra? não, alguma coisa a ver com desmanchar no ar, intangibilidade? você (eu) não pode ficar se justificando pra sempre, pode? pré justificativas, pós justificativas, durante justificativas, quem sou eu afinal? o devorador de vida? o moedor de sonhos? Deus? um som agudo e desagradável explode na minha mente, elas gosta de pregar peças, para me animar, afinal é minha unica companheira e apesar dos pesares, me ama. Como um pouco de medo, minha futura carne, minha ancestralidade, nossa consanguinidade, nosso segredo, sentimos tanto medo que traímos o universo, no seu projeto inefável de auto compreensão, somos os rebeldes, buscamos todo conhecimento externo, todos os insights fora da nossa cabeça, como? como olhar no espelho sem se desmanchar? guiados por medo, criamos a sabedoria da ignorância, a elevação espiritual do inferno, a coragem do medo, o amor do ódio, a amizade da dependência doentia, eu e você, nós! não que tenhamos criados, apenas somos a nova geração, seremos proeminentes pensadores, filósofos, lideres religiosos, cientistas! Deuses!!! canibais? não, não, canibais se alimentam de seus iguais, e nós não fazemos isso, nós predamos a felicidade do mundo, nós parecemos humanos, nós nos vestimos, nos limpamos, vamos a escola, vamos a universidade, trabalhamos, fazemos amigos, somos admirados, reconhecidos, cabemos perfeitamente na humanidade, e de dentro, como um câncer, apodrecemos tudo, devoramos, arrancamos tudo, sujamos, criamos infernos particulares, continuamos até não sobrar nada, até exaurirmos definitivamente todos os recursos, devoramos as pessoas boas e más, somos a justiça universal da ignorância.

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